18 de setembro de 2011

On Mr. Bennet's wit

Ralph Waldo Emerson escreveu no blog dele em 1861:
"I am at a loss to understand why people hold Miss Austen's novels at so high a rate, which seem to me vulgar in tone, sterile in artistic invention, imprisoned in their wretched conventions of English society, without genius, wit, or knowledge of the world. Never was life so pinched and narrow. ... All that interests in any character [is this]: has he (or she) the money to marry with? ... Suicide is more respectable."
O blog do Emerson já não anda mais ativo, mas, se ainda estivesse, e ele tivesse permitido comentários, eu escreveria o seguinte:

Seu Ralph, permita-me discordar, mas, após a leitura um tanto tardia de O & P, e só tendo lido esse até então da referida autora, impressionou-me justamente o oposto do que anotaste. Onde viste vulgaridade e esterilidade, vi uma profunda observação sobre o comportamento daqueles personagens da sociedade inglesa. Observações essas descritas não através de detalhes minuciosos sobre a natureza, mas através das falas dos próprios, e, de modo ainda mais contundente, das suas ações.

Voltando as suas lentes sobre um microcosmo, Miss Austen consegue nos mostrar as mais variadas situações, os mais variados sentimentos, das mais variadas perspectivas, seja de mais ricos, menos afortunados, mais responsáveis, menos maduros, mais comprometidos, menos desapegados, e assim vai revelando um mundo inteiro, que é apenas uma ampliação em complexidade daquelas histórias contadas com grande precisão e consciência de ritmo, além do que mais me surpreendeu, e o que o senhor não parece ter visto de maneira alguma: pitadas aqui e ali de sabedoria, ironia, humor e inteligência.

Um exemplo disso tudo foi a mudança, ou seria melhor dizer, transformação do Mr. Bennet. No início é tido como uma pessoa reclusa, que se importa pouco com o que lhe cerca, e, com o florescimento das suas filhas, e de todos os acontecimentos que isso traz, ele vem à tona, e surge como um dos artífices do desenredo do livro.

Ou, para quem percebeu falta de wit, o que foi o Cap. 18 senão uma deliciosa wit battle entre Elizabeth e o sr. Darcy? Termino meu singelo comentário com um trecho de grande sarcasmo do Mr. Bennet em diálogo com sua filha Kitty:
``You go to Brighton! -- I would not trust you so near it as East-Bourne, for fifty pounds! No, Kitty, I have at last learnt to be cautious, and you will feel the effects of it. No officer is ever to enter my house again, nor even to pass through the village. Balls will be absolutely prohibited, unless you stand up with one of your sisters. And you are never to stir out of doors till you can prove that you have spent ten minutes of every day in a rational manner.''

Kitty, who took all these threats in a serious light, began to cry.

``Well, well,'' said he, ``do not make yourself unhappy. If you are a good girl for the next ten years, I will take you to a review at the end of them.''

(Ch. 48, pp. 296)