31 de agosto de 2010

Será que existe um tratado sobre wittiness?

Eu queria escrever um, mesmo sendo só (um distante) aspirante a witty. Talvez tenha surgido na Grã-Bretanha, como um esporte, daqueles inventados quando não se havia nada pra fazer nas colônias. Vi primeiro nas peças do Wilde e fiquei encantado.

Outro dia, lendo pela primeira vez as comédias de Shakespeare, há um embate, uma verdadeira wit battle, entre Signior Benedick e Lady Beatrice (in Much Ado About Nothing). Prefiro os personagens de Wilde, parecem-me mais verdadeiros na suas ácidas tiradas.

Morrissey com certeza vem dessa linhagem. Essa característica é tão marcante, inclusive, que um documentário sobre ele da BBC, foi nomeado "The Importance of Being... Morrissey". Estava também lendo umas entrevistas dele (para poder escrever sobre o seu último álbum de compilações) e me impressiona a destreza do sujeito.

Shakespeare (até agora) normalmente descamba para o vulgar, e o caro Morrissey comete esses deslizes, enquanto Wilde (até onde lembro) é um mestre, fazendo com que todos os seus personagens tenham wit sem distinção.

[2002] "(...) it's Morrissey first visit to Australia for 11 years and one fan is most pleased to see him (in the most). She won a competition to meet him back in 1992. And today she finally get the chance.

Morrissey: Nice to meet you.
Fan: You must be feeling so tired after this tour.
M: I'm glad one person realizes that. Thank you for waiting all this time bound to be disappointed.
F: Thank you so much! Your time and everything you've done. You've made me and so many people so happy...
Morrissey: ...I didn't mean to."